Contagem Regressiva


O artista plástico, escultor e também poeta Anchieta Rolim lança nesta sexta-feira, 13, o seu segundo livro dedicado ao nada. O evento está marcado para as 19h na biblioteca municipal de Areia Branca. Contagem Regressiva é mais uma obra experimental do multimedia artist que trafega entre o protesto, o rock e a poesia contemporânea. Esta pequena obra prima anarquista traz ainda a reprodução de uma de suas mais importantes exposições: A industrialização do Santo Cristo, composto por desenhos de máquinas em nanquim sobre papel branco. Os traços dialogam com os poemas que nos levam às reflexões sobre o absurdo político da vida, os fatos de aceitar as condições e não reparar o escarnio que existe em cada gesto.

Desde o seu primeiro livro “Agonia”, Anchieta se revela à margem de qualquer forma, fugindo de todas as regras impostas pela regra da literatura. Embora diga que está escrevendo um novo trabalho que atenda ao ego dos intelectuais da poética tradicional, Rolim permanece pensando na marginalidade do ato e da palavra. Afinal, como ele mesmo diz em um de seus poemas: ...a engrenagem é complicada/ são trilhões de peças/ bem montadas.

Ao publicar poemas como Moscas, Erro, Segredos e Vida, Anchieta Rolim despenca de uma ponta a outra das possibilidades semânticas, fala do que pensa com a inocência de um menino que escreve o primeiro verso, mas com a sensatez que já não existe no peito da maioria dos homens. São poucos como ele que têm coragem de renegar o que todos dizem e trilhar pelo próprio caminho sem se importar com o que dizem. Sua poesia não é para ser boa, porque a poesia não precisa ter função de nada, nem servir para nada. Ela só precisa dizer aquilo que o poeta tem para dizer e, sendo assim, Anchieta diz tudo, tudo aquilo que todos queremos dizer.

COPOS
Copos cheios
Aos poucos
A tormenta passa

Quando vazios
Mente e copo
São um só.

INQUIETUDE
A inquietude
Atormenta
A Alma

Lampejos
Confundem
O Concreto do meu corpo.

MALDITOS
Santo, santo, santo
Assim te chamam
Santo

Bendito sois

Malditos são.

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