Dos amores que beiram os meus caminhos
Quando
li Drummond pela primeira vez, achei-o sem graça e muito parecido com o que
Aluísio Barros escrevia. Não era a mesma coisa porque achava Aluísio mais
lírico, embora não soubesse bem o que isso quisesse dizer. Para mim, Drummond
sempre fazia joguinhos de palavras e as jogava na folha em branco para ver no
que dava.
Aluísio foi minha primeira leitura.
Anjo Torto era eu mesmo olhando as ruas em desalinho, jogando cartas e búzios,
invertendo ilusões. A minha pequena cidade deste tamanho, assim como o verso
que se encerrava no mesmo fôlego, pequeno, às vezes tardio, mas sempre disposto
a me dizer algo.
Agora tenho à mão o seu novo
trabalho: “Dos amores que beiram os meus caminhos e outros poemas”, mas não me
lembro se conversa com alguém além de mim mesmo, mas os poemas dialogam ,
exibem a mística de um passado que não passa, as mesmas ruas de outrora em que
também pisei, o dito de maneira calçadista; o dito no patamar da igreja, é
assim que vejo o poema de Aluísio.
Por vezes, me peguei lendo crônicas,
poemas retirados de notícia de jornal. Nelson Rodrigues, Ledo Ivo, Manuel
Bandeira e essa minha mania academicista de comparar tudo, para tentar explicar
minhas sensações. O livro é intacto e de único pertencimento, embora seja meu
também.
A folha caída na folha em branco e as
imagens duras nos finais dos versos e no final do livro o retalho, a folha que
cai, o rio que ri, o corpo que explode.